10-06-2011 00:00

Das barcas de pneus às luzes das velas

DILÚVIO: O PRIMEIRO ATO

Horas no ônibus, pés encharcados, queda de energia e a certeza do mineiro de que existe dilúvio nos tempos modernos

Lucas Alvarenga

Imagem: scx.hu

Tudo parou por aqui. Até esta redação parou de quinta para sexta, dias 8 e 9 de junho. Tudo porque um dilúvio "digno dos tempos de Noé" assolou grande parte da capital mineira.

De leste a oeste, do São Marcos ao Nova Suíssa, rajadas de vento seguidas por ruas inundadas por água da chuva até a altura dos joelhos fizeram dos ônibus barcas com as mais diversas reações humanas.

Bastou deixar o 2103 - Anchieta/ Prado - para que uma senhora de branco, cabelos negros, de aparentes 40 anos, fincasse os pés na correnteza e perdesse sua bolsa, levada pela força das águas. "Aí Meu Deus! Minha bolsa...". Encharcada, saiu correndo atrás do que perdera em frente a uma batalhão de infantaria, no bairro Barro Preto, região central de Belo Horizonte. Não conseguiu recuperar o acessório - nem tão acessório assim. Perdeu dinheiro e documentos, de acordo com o cobrador da linha e também segundo o meu colega de classe, o estudante de Jornalismo do Uni-BH, Thiago Madureira, outro passageiro do 2103.

Lá pelas 19h30, assistiu-se a noite ficar ainda mais escura. Sem energia, o jeito foi jogar a culpa na Cemig, responsável por uma das tarifas mais caras do Brasil, algo agravado pelo ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de 42,9%. A companhia, porém, começava os trabalhos para reestabelecer o conforto e o serviço já durante à noite.

Até a tarde de hoje, dia 10, mais de 10 mil consumidores continuaram sem energia elétrica em suas residências. Estes pagadores de contas estão espalhados por Brumadinho, Igarapé, Juatuba, Mateus Leme, Vespasiano, Nova Lima, Contagem e Belo Horizonte.

Irados com a chuva, milhares de pessoas congestionaram as linhas da Cemig. Ao todo, foram recebidas 347 mil chamadas pela companhia e 500 técnicos saíram às ruas, junto a equipes da BHTrans, ambas acionadas para reestabelecer a ordem até que o próximo temporal desordene tudo novamente.

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