04-07-2011 00:33

Preciso de uma manicure

O COTIDIANO DAS GERAIS EM CRÔNICAS

Quando o tempo é inimigo da perfeição, o tempo p... Bem, você confere a seguir

Por Érica Fernandes

Imagem: Reprodução

Se você é mulher e faz as unhas pelo menos uma vez ao mês, sabe que sábado não é dia de procurar salão. Nenhuma manicure decente tem horário na agenda. Para minha desesperança, havia um compromisso no final de semana e minhas unhas estavam horríveis. Como não possuo talento algum com o alicate, à saída era procurar uma manicure disponível.

Já tinha em mente que os salões na área comercial estariam cheios, por isso recorri aos do meu bairro. Tive a tola esperança de procurar nos locais mais conhecidos. A resposta era quase a mesma: “cheio”, “lotado”, “não”, “impossível”. Algumas delas me iludiam quando passavam os olhos na agenda, como se fossem encontrar um tempo para mim. Mas era inútil. Ninguém em sã consciência desmarcaria um horário tão privilegiado como é o do sábado. Acho que as pessoas poderiam ganhar dinheiro com isso. Marcar horários nos salões e depois vender para pessoas desorganizadas como eu.

Havia um local próximo a minha casa que geralmente havia horários vagos, mas a mulher tinha fama de açougueira das unhas. As vizinhas sempre comentavam que ela fazia mal e que, ainda, cobrava caro pelo trabalho. Sem muitas opções, coloquei minhas havaianas e fui ao salão da açougueira. Ao perguntá-la em qual horário eu poderia ser atendida. Ela riu na minha direção e disse em seguida a mesma resposta das outras: ‘“lotado”.

Dessa vez eu fiquei realmente preocupada, porque já era quase 11h, o que significa que as minhas probabilidades eram as menores possíveis. Passei para as manicures autônomas, aquelas que fazem o serviço em casa. Uma das cabeleiras disse: “Tem a dona Rosinha, a casa dela é pertinho: vira duas esquinas, sobe a Rua do João é na quarta casa, depois da verde”. Não entendi bulhufas, mas naquela altura do campeonato, eu topava qualquer coisa.

Subi a ladeira, virei a esquina e fiz a contagem das casas como a mulher me ensinou.  O “pertinho” dela me custou quatro quarteirões e meio. Ao bater no portão, notei que minhas unhas estavam mais feias do que imaginava. Comecei a bater freneticamente. Era um pedido de socorro.

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Ela riu na minha direção e disse em seguida a mesma resposta das outras: ‘“lotado”
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Uma mulher esguia e alta abriu. Perguntei se ela era a manicure Rosinha. Olhou para mim e balançou a cabeça com um gesto negativo. Fiquei estarrecida, senti vontade de chorar. Acho que ela viu meu desespero e me perguntou do que se tratava. Repeti o pedido feito durante todo o dia: “preciso de uma manicure”. Ela sorriu e respondeu que estava acabando de fazer as unhas com a dona ‘Sonia’ e que ela poderia me atender.

Mal pude acreditar. Uma manicure só para mim. Perguntei o valor do serviço e a resposta me surpreendeu. Era muito menos do que julgava. Imaginei que talvez a “Sonia” não soubesse fazer muito bem as unhas por causa do valor, mas a dona me mostrou os pés que a tal manicure havia acabado de terminar. Estavam lindos. Não podia acreditar. Na minha mente a chamei de “perfeita Sônia”. Informei o meu endereço e disse que a aguardaria.

Esperei por duas longas horas. Imaginei que a “perfeita Sônia” não me queria mais, mas às 14h lá estava ela. De pequena estatura, com cabelos curtos e os traços indígenas segurando seu equipamento poderoso para transformar minhas “patinhas” em mãos de princesa. Sorri e a deixei entrar. Ela começou pelos meus pés. Enquanto a “perfeita Sônia”, fazia seu trabalho, aproveitei para fazer uma “sonequinha”. Uma coisa que faço muito bem é dormir. Cochilei por uma hora.

Ao abrir os olhos, olhei para os meus pés esperando vê-los perfeitos, mas ela só havia feito quatro unhas. Mal pude acreditar! Eu tinha vinte dedos e em uma hora ela havia feito apenas a metade do meu pé. Lembrei da dificuldade em encontrar uma profissional, então relaxei na cadeira e pensei: não deve ser tão ruim esperá-la.

Pensei em tudo que eu poderia: no meu passado, no futuro, nas expectativas da minha vida, até nos problemas da África, mas nada conseguia suprir o tempo da “Perfeita Sônia”. Ela conseguia ser mais lenta. Por fim, comecei a cantar. Durante minha desafinação, olhei para o relógio: já era 17h30 e meu compromisso seria às 18h30. Eu ainda precisava de um banho.

No desespero, entreguei o dinheiro para “perfeita Sônia” e disse que não precisava terminar o serviço. Peguei um esmalte velho e fiz o trabalho da manicure. Após 20 minutos, olhei para minhas mãos e nunca as vi tão perfeitas.

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Tópico: Preciso de uma manicure

Data: 15-12-2011

De: Daiane

Assunto: pega de menor

Olaa eu queria saber se ai pega de menoor

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