"Absolutamente por acaso"

JORNALISMO, POLÍTICA, HISTÓRIA E LITERATURA

Imagem: Washington Alves

Por Guilherme Reis e Lucas Alvarenga

"Foi absolutamente por acaso" que o nosso entrevistado parou no jornalismo político, escreveu livros-reportagem e mergulhou na história. Também foi por "acaso" que agendamos um horário para que o repórter acostumado a entrevistar gente de todas as classes e níveis de poder nos concedesse alguns minutos para um bate-papo. No roteiro, inicialmente, política. Afinal, poucos acompanharam os meandros do poder tão de perto nestes últimos 15 anos como ele.

Belo-horizontino, nascido em 1968, ingressou no jornalismo a fim de ser repórter de economia. Por aqui fez matérias sobre inflação, instabilidade econômica, até se mudar para Brasília, onde pela Folha de S. Paulo acabou "ajudando" alguns companheiros de redação na cobertura de escândalos políticos. Nessa editoria ficou, gostou e hoje, de volta a Belo Horizonte, pode se gabar da escolha. Afinal, conquistou de lá pra cá três prêmios Esso, dois Vladimir Hergoz e um Jabuti. Histórico para poucos.

Com a mesma atenção conferida às suas reportagens, o jornalista Lucas Figueiredo respondeu ao nosso e-mail solicitando uma entrevista. De prontidão, marcou a data: dia 21 de junho, às 14h30, em sua residência. A intenção era, apenas, conversar sobre a política brasileira para uma matéria que estávamos desenvolvendo. Prontamente, porém, pensamos: "Por que não aproveitamos a oportunidade para fazer uma entrevista mais ampla?". Se fizemos, só você, internauta, dirá. O certo é que fomos para lá. E de frente ao prédio, mãos no gravador e o anúncio. "Viemos entrevistar o Lucas Figueiredo. Podemos subir?". Quase que instantaneamente o porteiro autoriza a entrada.

Chegando ao andar, tocamos a campainha, esperamos o girar da chave na porta, que parecia não querer abrir. Abriu. Uma senhora, funcionária de Lucas, logo nos atendeu e o chamou. Entramos e para nossa surpresa, não estaríamos sós com ele naquela entrevista. A filha de Lucas, no berço, estaria conosco, na sala de estar, e mesmo sem entender nada, faria parte daquele momento em que estaríamos frente a frente com o autor de Morcegos Negros, Ministério do Silêncio, O Operador, Olho por olho e Boa Ventura.

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"Viemos entrevistar o Lucas Figueiredo. Podemos subir?"

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Naquele instante começaria nossa entrevista com o ex-repórter da Folha de S.Paulo e colaborador de O Estado de S.Paulo, Caros Amigos, Playboy, Superinteressante, Nossa História, Revista MTV e Defue Sud (Bélgica). Em 32 minutos, o hoje repórter especial da revista GQ dá declarações sobre a transição da economia para a política, da cobertura da política, de ética, internet, Copa do Mundo, Aécio Neves, o cenário da comunicação em Minas, de sua fase como escritor, influências e do interesse pela história. Curioso(a)? Ouça cada tópico a seguir.

Da economia à política

Lucas Figueiredo abre a entrevista revelando como foi trabalhar na editoria de política e a sua satisfação em ter parado lá casualmente.

Meandros do poder

Nos bastidores do poder, o jornalista Lucas Figueiredo explica sobre as reações ao se apurar uma denúncia e critica o termo "jornalismo investigativo".

Ética

Ex-coordenador da campanha do candidato ao governo de Minas, Hélio Costa (PMDB), Lucas Figueiredo afirmou na entrevista que só aceitou participar das eleições assessorando um candidato porque não encontrou nada que pudesse manchar sua carreira. Apesar disso, garante: prefere reportar algo sobre um político do que assessorá-lo. A seguir, Lucas expõe outra questão ética, que passa pelo papel do jornalista.

Blog do Lucas Figueiredo

Desde dezembro de 2010 na web, o ex-repórter especial do Estado de Minas conta extasiado sobre o prazer de escrever em uma plataforma que permite maior liberdade ao repórter.

Copa do Mundo

Neste trecho, o jornalista relembra alguns posts de seu blog que evidenciam irregularidades na obra do Mineirão. No final, faz um alerta.

Aécio Neves

Da mesma forma que aborda fatos sobre Dilma Rousseff, José Sarney, Antonio Anastasia, Lula, PT, PSDB, PMDB, PSOL, Lucas Figueiredo também trata de Aécio Neves. Com um porém: o senador é a figura mais comentada em seu blog. Entenda o porquê.

Acomodação

Já ouviu aquela frase: "Minas é o cemitério do jornalismo"? Pois então, comentamos isso com Lucas Figueiredo. A resposta foi simples: infelizmente alguns repórteres em Minas passam por um certo processo de acomodação. Confira.

Lucas Figueiredo escritor

Com um bairro inteiro de documentos. Quase sempre foi assim que o nosso entrevistado começou seus livros. Muito material reunido e a necessidade de transformá-los em algo acessível para todos.

O interesse pela história

Uma pauta e o interesse pela história nasceu, assim como aconteceu com Eduardo Bueno, também jornalista, que se viu imerso no passado de nosso Brasil. Tal mergulho aconteceu em seu último livro-reportagem: Boa Ventura.

Referências

Na hora de escrever seus livros, Lucas também tem lá suas referências. Autores que fizeram parte da sua juventude. Confira quem são na última parte da entrevista.

Frase final

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"O início é sempre assim: trabalho braçal, empenho, um dia após o outro e muita ralação"

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Lucas Figueiredo, jornalista

Confira também:

- O blog de Lucas Figueiredo
- Entrevista de Lucas Figueiredo para a TV Estadão sobre o seu último livro: Boa Ventura
- Entrevista para a História Viva sobre o livro Olho por olho