03-07-2011 22:44

Sobre avenidas, cruzamentos e bola nas costas

O COTIDIANO EM MÚSICA E A MÚSICA DO COTIDIANO

"Ele não sabe marcar/ Ele só pisa na bola, só chuta pra fora/ E não sabe cruzar"

Por Lucas Alvarenga

Cá pra nós. As três principais forças do futebol mineiro há algum tempo andam amarrando o jogo pelo meio-de-campo. Tudo porque uma figura pra lá de importante está em falta por estas bandas. É o cara dos flancos, das saídas em velocidade, dos cruzamentos e da rápida recomposição na defesa, carente até mesmo na seleção brasileira: o lateral.

Ahhh!!! Quantos laterais não marcaram época em gramados mineiros, fazendo o Mineirão estremecer em azul, preto e branco. Nelinho, Paulo Roberto Prestes, Nonato, Leonardo, Serginho, Maurinho. Uma lista infindável até o início da década passada. De lá pra cá, poucos se firmaram com as camisas de América, Atlético e Cruzeiro. E hoje, em pleno Brasileirão, a carência na posição faz os grandes da capital perecerem, ao ponto de fazerem rodízio e improvisarem.

Pelo lado celeste, o jogo pela ponta-direita, apesar de, praticamente, não existir com os laterais que por lá passaram nesta temporada, tem em Wallyson e Thiago Ribeiro a salvação da pátria - perdão, da ponta. Na esquerda, Gilberto tenta, embora a idade não contribua com o veterano. Desde Leandro Silva, em 2003, o Cruzeiro sofre com a inconstância técnica dos seus jogadores pela ala canhota. Diego Renan que o diga. Quantas vezes "O treinador [Adílson Batista] ficou rouco de tanto gritar pro lateral parar de apoiar".

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Ahhh!!! Quantos laterais não marcaram época em gramados mineiros, fazendo o Mineirão estremecer em azul, preto e branco
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Na ala alvinegra, "meu Deus!!!", diria o narrador. Até lateral selecionável "toma bola nas costas", "pisa na bola, só chuta pra fora e não sabe cruzar". André Santos, hoje no Fenerbahçe da Turquia, em passagem pelo Atlético foi para o banco. A principal reclamação: a formação da avenida Santos, com esquina direto para a meta do então goleiro Diego Alves. Situação mantida com Guilherme Santos, Patric & cia.

No América, o acerto com Marcos Rocha, garoto que não vingou pelo Atlético, amenizou o problema, limitando-o à esquerda. Antes, porém, o Coelho vendeu uma jovem promessa, Danilo, hoje no Santos, e amargou com um ex-selecionável e prata da casa: Evanílson. E o restante do drama, deixo na música dos mineiros Cabral e Fabinho do Terreiro, com Randley Carioca: Tira o Lateral. "Chegou com o seu empresário, querendo um salário de um campeão/ Castigo pra diretoria, que com euforia, lhe põe pra jogar/ Só que dentro do gramado, o pobre coitado fica a escutar/ Tira o lateral".

Até quando, porém, os times daqui devem continuar a sacá-los? Até o momento em que os clubes resolverem dar força para a prata da casa e não limitarem os fundamentos na base ao simples pega, diminui, ou mais claramente, marca.

Confira Tira o lateral com o grupo Purarmonia, de Belo Horizonte

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