30-06-2011 23:30

Bolas que rolam não criam musgo

QUANDO A LITERATURA E O ESPORTE EXPLICAM O COTIDIANO

Amador, embora apaixonado: este é o futebol de terrão mineiro

 

Por Guilherme Reis

Imagem: Reprodução

A bola: O mais importante para mim é ser chutada por pés dignos. Não há nada mais chato que ser pisoteada por fanfarrões profissionais que não me amam.

Na última terça-feira o torneio de futebol amador Copa Corujão chegou ao fim. O campeão foi decidido no jogo entre o Ferroviária de Belo Horizonte contra o Minas de Betim. A peleja terminou com dois tentos a um a favor do time da capital. O artilheiro da partida foi Maicon, que fez dois gols e viveu seu dia glória na história do futebol. Afinal de contas é mais um que entra para o panteão dos campeões, não importa do que.

O jogo foi no campo do bairro Santa Cruz na capital e recebeu três mil pessoas, junto à banda da polícia militar, que tocou honrosamente o hino nacional. Festa digna de uma final de Copa do Mundo, pelo menos na empolgação.

O futebol mineiro é pra lá de tradicional. Não apenas no profissional com Atlético, Cruzeiro e América. Mas também com grandes equipes amadoras campeãs dos torneios Copa Corujão e Copa Itatiaia. Frigoarnaldo de Contagem, o próprio Minas de Betim e o Santa Cruz são clubes representativos no cenário amador mineiro.

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A única coisa que move esses atletas de fim de semana é a paixão pela pelota
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Muitas vezes são esses times que mostram ao futebol a sua paixão raiz. A simples vontade de ser vencedor em uma partida conta muito para esses jogadores-trabalhadores. Não recebem altos salários, não tem centros de treinamento confortáveis, não tem carrões e nem são cercados de beldades. A única coisa que move esses atletas de fim de semana é a paixão pela pelota.

A vontade e o amor desses campeões anônimos pela gorduchinha faria muito jogador profissional sentir vergonha. Vários comentaristas dizem em jogos profissionais que a bola está sendo maltratada por um jogo tecnicamente ruim. Na verdade a “menina” chora é por outro motivo. Ela sofre e sofre muito porque sabe que pés milionários e, muitas vezes sem vontade de vencer e fazer história, a chutam.

O pior para ela não é ser maltrada por jogadores de qualidade duvidosa, mas por pés sem dignidade para colocá-la dentro da casinha. Nunca se esqueçam: a coisa mais importante do futebol não é o gol, é a bola. A redondinha merece respeito, não há nada mais bonito do que uma bela bola de futebol. Vida que segue. Bola que rola.

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