O som que deu pausa à correria
Se em Nova Iorque há 140 espetáculos de rua por dia, em Belo Horizonte há o chorinho da Uemg e o violino de Alexandre Quintiliano para alegrar às manhãs e tardes de verão
Lucas Alvarenga
Um agradável convite aos transeuntes da capital mineira. Crédito: Lucas Alvarenga.
Um espetáculo gratuito em meio aos arranha-céus que escondem a multidão do centro de Belo Horizonte. Na manhã desta terça-feira, dia 28 de junho, os jovens músicos do grupo de chorinho da Escola da Música da Uemg resolveram presentear o público da capital mineira com um espetáculo pra lá de bonito. No quarteirão fechado da Rio de Janeiro, entre Avenida Afonso pena e Rua dos Tamóios, o conjunto encantou quem passava por ali e fez com que a pressa desse lugar à contemplação.
Coordenado pelo professor Marcelo Pereira, o grupo de choro surgiu em 2004 no curso de licenciatura e Educação Artística e se tornou, em 2010, uma disciplina optativa da Escola de Música da Uemg. Pela reação do público na Rio de Janeiro, parece que a proposta da roda de choro causou fascínio. "Nem todo dia temos esta maravilha de música, alegre e gratuita, por aqui", expressa um ambulante, sentado no chão, praticamente escondido em meio às dezenas de pessoas que pararam ante o grupo.
Na construção do "panorama musical" que os músicos fazem questão de reforçar, está uma formação de instrumentos que vai do convencional ao inovador: violões, cavaquinho, bandolim, pandeiro, flauta e até mesmo saxofone e violino. Entre o repertório da roda, canções como Flor do Abacate, de Álvaro Sandim; Apanhei-te Cavaquinho, de Ernesto Nazareth; Doce Melodia, de Jacob do Bandolim e Hermínio Bello de Carvalho; e Urubu Malandro, de Louro e João de Barro, a saideira desta sexta-feira.
Urubu Malandro, gravado no projeto Quarta Cultural, da UFMG
Som que se espalha
Para quem perdeu o espetáculo, bem ali no coração da capital mineira há música a "cortar o ar" e encantar pedestres. Na esquina da rua dos Tupis com Rio de Janeiro, o violinista Anderson Quintiliano, da Fundação de Educação Artística, faz aparições capazes de prender a atenção de diferentes públicos. O segredo do músico de Ribeirão Pires, no estado de São Paulo, é simples: levar de Choplin a Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga. Fórmula que mescla o erudito e o popular, o toque de André Rieu, violinista holandês e inspiração de Quintiliano, que já se apresenta em shows e eventos. "São coisas assim que me deixam feliz", assegura.
Diferente de Nova Iorque, Buenos Aires e Paris, em Belo Horizonte é incomum ver músicos nas ruas. Salvam exceções como Anderson e o Grupo de Choro da Uemg, que enfrentam a desconfiança de seus pares e provam que as calçadas podem ser locais de afirmação e não apenas de venda de discos.
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