16-06-2011 09:37

Grande sertão ou ser tão grande?

CRÔNICAS E HISTÓRIAS SOBRE MINEIROS

Um homem e uma arte: dois “seres” inseparáveis. Assim foi a vida de João Guimarães Rosa

Imagem: Divulgação

Não se sabe até que ponto a vida estava na arte e a arte estava em sua vida. De todos os magistrais escritores da nossa literatura brasileira, ele era o único capaz de relatar com fidelidade e literalidade a vida dos sertanejos e criar e recriar palavras e frases que não constam no dicionário, mas dizem mais que qualquer palavra corretamente pautada na gramática.

Tantas foram as obras quanto os ensinamentos por elas registrados. Ao ler os escritos de Rosa, deve-se ater não somente a beleza das histórias e aos neologismos criados com tanta destreza, mas também a “sobrecoisa” que há em tais escritos. Posso me intitular como uma admiradora e leitora assídua de Guimarães. Meu começo se deu com Grande sertão: veredas. A primeira passada de olhos não foi agradável. A segunda desvendou todo o universo roseano.

Cada parágrafo parecia muito familiar. As “sobrecoisas” muito diziam do meu ser, parecia que eu me apresentava pra mim mesma, era como olhar num espelho. Não me espantei. Admirei-me com a universalidade das palavras, pois o que servia de espelho para mim, também servia para outras pessoas. Então aqui vai o meu conselho para os conhecedores e não conhecedores de Rosa: comecem e recomecem suas viagens literárias por Grande sertão: Veredas.

- - - - - - - - - - - - - -
Posso me intitular como uma admiradora e leitora assídua de Guimarães
- - - - - - - - - - - - - -

Nesse sertão vocês vão conhecer o “rebuliço” que existe em si e que “viver é muito perigoso”, porém, sempre vale a pena correr o risco de querer ser mais “a gente”. Riobaldo levará vocês por caminhos desconhecidos, emocionantes e misteriosos. Como ele diz: “O senhor... Mire e veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam.”

Conheço pessoas que leram a obra e a considerou chata, incompreensível, esquisita, entediante e mais outros adjetivos depreciativos. Não posso criticá-los dizendo que são pouco cultos ou insensíveis, pois Rosa me ensinou que “Pão ou pães, é questão de opiniães... O sertão está em toda parte”. A minha opinião é clara e única: Guimarães Rosa foi o maior entendedor e escritor da arte e da vida. Só ele foi compreensivo de escrever para todos e fazer com que viajemos ao sertão sem sair de casa.

—————

Voltar


Tópico: Grande sertão ou ser tão grande?

Não foram encontrados comentários.