Caiu do cavalo, não para o dicioneves
O COTIDIANO EM MÚSICA E A MÚSICA DO COTIDIANO
Um samba em homenagem à nata da malandragem que cai do cavalo, é pega na blitz, coisa e tal
Rodrigo Lasmar e Aécio Neves: o sorriso é forçado, o tombo é recorrente. Crédito: Divulgação.
Por Lucas Alvarenga
Um dos maiores defensores do puro-sangue tucano caiu do cavalo pela segunda vez neste ano. Agora, literalmente, é claro. Melhor, ele tomou um tombo quando montava a cavalo. Tanto zelo com a imagem do ex-governador de Minas e agora senador da República Aécio Neves (PSDB) tem lá seus motivos. Após o escândalo do Bafometrogate, relatado intensamente pelo jornalista Lucas Figueiredo, o mineiro trocou por alguns instantes as páginas de Política e as colunas sociais para fazer parte das seções de humor. Afinal, quem não doma alazão e nem tem carta para dirigir, não apresenta condições de "conduzir" o país. Mas, nem sempre foi assim.
Membro da "nata da malandragem", que Chico Buarque relata em Homenagem ao malandro, Aécio e sua fiel escudeira Andréa Neves podem se orgulhar. Durante oito anos reinaram absolutos - um frente às câmeras e ao público, a outra nos bastidores da política mineira. Implementaram o choque de gestão, orquestrado sensivelmente por Antonio Anastasia e deram início a uma série de obras de grande porte.
Hoje no Senado Federal, o mesmo Aécio anuncia que Minas Gerais possui uma dívida impagável com o Governo Federal. E não se perca nos zeros, afinal são R$ 60.000.000.000,00. Sim, R$ 60 bilhões, algo mais grave se pensarmos que parte das obras de grande porte, como a Linha Verde e o Centro Administrativo, já apresentam problemas. Aliás, a obra no Serra Verde, financiada pela Codemig, além de ter estourado o orçamento de R$ 948 milhões, foi projetada sem a devida infra-estrutura ao trabalhador comum. E todos os casos, leves ou mesmo nenhum arranhão à imagem do ex-governador de Minas Gerais. E salve a arte de escapar de tudo malandramente.
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Quem não doma alazão e nem tem carta para dirigir, não apresenta condições de "conduzir" o país
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De fato, "agora já não é normal, o que dá de malandro regular profissional, malandro com aparato de malandro oficial, malandro candidato a malandro federal"... "Que nunca se dá mal". Ora, a negativa de Aécio ao teste do bafômetro em 17 de abril se tornou fato normal. Afinal, a carteira de habilitação do político já estava vencida, pra que ele iria se submeter a tal "constrangimento", não é mesmo? E no final das contas, tudo terminou bem. O senador, agora de motorista, resolveu, porém, dar outra escorregada. E desta vez sobrou para o cavalo, o responsável pela queda - palavra que Andréa limou do dicioneves há tempos.
Quem foi ao Rio buscar às últimas de Aécio, perdeu a viagem. Nosso "malandro com retrato na coluna social, malandro com contrato, com gravata e capital", andava mesmo por Cláudio, no interior de Minas. E por aqui ficará até que as marcas do último tombo sumam do corpo do senador e das páginas de jornais e revistas. Mas, é sempre bom ficar de olho, afinal como o malandro descrito por Chico, conhecemos o ímpeto do nosso ex-governador de "outros carnavais".
Fique com Homenagem ao malandro, de Chico Buarque de Hollanda
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Lucas Alvarenga
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